Plastic Blue Invitations

Fazia muito frio.
A neve enchia as brechas da janela , e lá fora a paisagem era branca e hostil.
Se serviu de um café quente da chaleira fumegante.
Três goles e um livro debaixo do braço, tinha de escrever um edital, amanhã seria um grande dia.
Foi-se ao quarto, na cama de casal alguém dormia; a silhueta por debaixo do cobertor, aquele perfume irresistível;
A casa estava quente e acolhedora;
Era muito bom estar de volta em casa.

Em um grande quebra cabeça; falta-se uma peça. Uma única opção, mais ela não se encaixa.

Nem de uma maneira, nem de outra, vira-se de ponta cabeça e nada.

Tem dias que me sinto assim.
Não encaixo em lugar algum, príncipe do conto de fadas errado. Vilão da novela do horário que não me pertence. Astronauta no fundo do mar. Voando de baixo da terra.


O que acontece? Eu vim dentro da caixa com as outras peças, ali está escrito que eu pertenço a esse quebra cabeça.

Quem sabe se eu cortar minhas bordas eu encaixe?

Quem sabe...

Certa vez estava um rei a cavalgar pelos prados quando encontrou uma flor de beleza rara.
De tão apaixonado que ficou por ela, e ela por ser tão única foi levada ao grande palácio.
Foram convocados todo os magos e alquimistas do reino para tentar de alguma forma que a flor não morresse, e depois de muito esforço foi elaborada uma fórmula que a deixaria viva e intacta para sempre.

Grandes festas e várias pessoas do mundo vieram ver a tal flor única e foi-se assim por anos e anos;
Até que em um certo ponto ninguém mais queria vê-la e ela se tornou algo comum e monótono, logo essa havia sido deixada de lado, e até hoje nos grandes palácios da China ela se encontra, guardada em alguma gaveta.



O verdadeiro valor de algo não está no fato de tê-lo para sempre e sim em tê-lo por ter-se conquistado; independentemente de por quanto tempo.

Queremos ter dinheiro;

Queremos ter poder;

Queremos ter o amor de alguém;


E depois de mortos olhamos para trás e vimos, não fomos nada.

Animais com instintos primitivos, escondidos pela capacidade de viver em sociedade e consumir, consumir e consumir ...

É uma farsa ! Um grande mentiroso !


O Homem de Lata , jamais voltou a ter um coração e morreu enferrujado na floresta, sonhando em saber o que é amar.

O Leão pra sempre foi um covarde escondendo seus segredo perante á todos;

Espantalho, espantalho; comprou muitos livros que nunca foram abertos, pois sua única função é espantar os corvos;


E a pequena Dorothy jamais voltou pra casa, porque quando perdemos o caminho de casa, jamais voltamos a encontra-lo ...