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So mais um dia frio de chuva.

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domingo, 3 de novembro de 2013 by

Odiava dias de chuva, sua perna sempre doía como se ali estivessem pequenas agulhas a lhe dilacerar por dentro. Quando tinha de ficar dentro de casa era ainda pior, o tempo não passava e como não tinha gosto por literatura ou tecnologia sua vida em dias de chuva se resumia a ficar deitado sentindo frio e dor. Certa vez se arriscara a ter ligado a Tv naqueles bons programas de tarde onde pessoas expõe suas vidas em um quadro onde o apresentador e seu bom terno de marca tentam ajudar a melhorar a então ruim vida de tais pessoas. O Que fora um fracasso e tanto pois a dor do tédio foi pior ainda do que as das agulhas invisíveis.
Nunca tivera amigos o que lhe proporcionava uma solidão ainda maior e então era mais fácil se relacionar com alguns comprimidos, aqueles de frascos amarelos e com receitas médicas em suas embalagens, aqueles que geralmente ficam nos esperando no armário do banheiro e depois se perder em sonhos.

Ela era apaixonada por dias frios e chuvosos como aqueles em filmes estrangeiros onde o faz de conta chegava a tênue linha da realidade.E é claro por 'giletes', frágeis lâminas de se desenhar na pele e na alma e era toda assim tatuada de cicatrizes formando desenhos vistos só ao olho da imaginação uma simetria de cortes e possíveis portas para outros mundos.
E gostava disso, como gostava! Assim como da musica de fundo que era a trilha sonora de sua vida, músicas do passado, letras suicidas.

Um 'gilete' nova, para um novo desenho na pele, talvez a obra prima de todos eles do nível de se ver em uma grande mostra de arte onde a matéria prima é dor e sangue, o dia de chuva pedia uma nova caricatura de seus sentimentos mais íntimos. Mas um leve empurrão no desenho e os traços foram coloridos de vermelho.
Não muito longe dali um garoto acordava e com a cara ainda amassada de sono no leito de um hospital qualquer. Havia sido uma noite longa para sua família que descobrira a doença terminal algumas noites antes. O choro e a tristeza se tornaram o dilema daqueles ali ao verem seu pequeno garoto ingênuo e frágil no leite de sua futura morte.

Diante de tanta angústia e dor nem repararam na grande confusão em que aquela unidade hospitalar se tornara. Médicos e enfermeiros correndo para lá e para cá.

Lá fora duas unidade médicas se dirigiam á diferentes pontos da cidade cinza. Mas já seria tarde para ambos os destinos.

Era só mais um dia frio de chuva.


Um estranho a espreitar.

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quinta-feira, 10 de outubro de 2013 by

Um estranho espreita pela estranha fechadura de uma porta antiga.
De um antigo casebre de madeira rústica.
De um rústico homem maltrapilho que perambula sozinho na vida.
Sozinho na vida como um estranho qualquer.
Qualquer estranho que espreita pela fechadura estranha de uma porta antiga.

A esperar mais uma vítima.


Falta tanto que ate sobra.

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domingo, 22 de setembro de 2013 by

Falta chocolate no achocolatado.
Faltam barcos em Veneza e pirâmides no Egito.
Faltam sorrisos na cara do palhaço cansado.
Falta vento na janela a noite.
Falta o medo pelo monstro de baixo da cama.
Faltam horas no relógio.

Mas sobra, sobram sonhos.


Cidade Cinza

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domingo, 8 de setembro de 2013 by

Odiava dias de chuva, sua perna sempre doía e se sentia como se tivessem lhe congelado o corpo todo. Quando tinha de ficar dentro de casa era ainda pior, o tempo não passava e como não tinha gosto por literatura ou tecnologia sua vida em dias de chuva se resumia a ficar deitado sentindo frio e dor. E então era mais fácil se relacionar com alguns comprimidos e se perder em sonhos.

Ela era apaixonada por dias frios e chuvosos, e é claro por 'giletes', frágeis lâminas de se desenhar na pele, e era toda assim tatuada de cicatrizes e possíveis portas para outros mundos. E gostava disso, assim como da musica de fundo que era a trilha sonora de sua vida, músicas do passado, letras suicidas.

Um 'gilete' nova, para um novo desenho na pele, o dia de chuva pedia uma nova caricatura de seus sentimentos mais íntimos. Mas um leve empurrão no desenho e os traços foram coloridos de vermelho.

Duas unidade médicas se dirigiam á diferentes pontos da cidade cinza. Mas já seria tarde para ambos os destinos.

Era só mais um dia frio de chuva.


Sorrisos Apagados

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quinta-feira, 25 de julho de 2013 by

Quando pequeno eu amava entrar naquele carro, ele tinha um cheiro único e um verdadeiro arsenal em seu porta-luvas, quinquilharias de velho. Pentes, parafusos, ferramentas e tudo aquilo que só os avós guardavam só Deus sabe porque motivo.
Era passatempo brincar de dirigir, e disso e aquilo. Coisas de criança.
Mas o tempo sempre passa, a vida muda e aquele carro eu nunca mais visitei.
Até hoje quando um desejo maluco e infinito me colocou para dentro dele.
O mesmo cheiro.
As mesmas quinquilharias, uma fita daquelas gravadas em rádios antigos que provavelmente deveriam ter uma canção de anos atrás, de anos confortantes. De anos de sorrisos abertos e abraços, anos de saúde.
Dentro de mim senti como se algo fosse explodir, era a chamada saudade de algo que não se tem mais.
Já se faziam meses que aquele carro não era usado, pneus murchos e um lataria começando a enferrujar.

Eu estava enferrujado e mal percebi as lágrimas, a nostalgia de algo que estava oculto em minha memória.
E a saudade infinita daquilo que já se foi.
De quem eu nunca mais iria abraçar, ou simples mente ver sorrir.

Das coisas mais amargas da vida a morte é a pior. Por mais que o tempo passe, qualquer dia ela volta mas não pra te levar e sim pra lembrar quem ela já levou.


Aval de adeus.

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domingo, 2 de junho de 2013 by

Lembra quando eu te disse adeus ?
Com palavras sobrepostas, juras sem demora.
Sinônimo de partida, aval de adeus.

Lâminas de escárnio sobre a pele branca e limpa, em traços singulares.
Um desenho se projeta, uma frase de adeus.

Um veredito ao réu sem culpa da conjura de um dia tentar ser mais eu.
Sou um charlatão e a minha invenção ...

É a de mostrar-me feliz.
Feliz.


Insonia

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quinta-feira, 16 de maio de 2013 by

Quanto tempo entre o abrir dos olhos e um piscar irregular ?
Entre uma dose e outra de saudade temperada com rancor.
Muitas vezes o vazio é só a forma errada com que você analisa a questão.

Escrever mensagens de apego, dar abraços e dizer que faz falta é clichê demais para os atuais dias frios de maio.

É fácil sentir e fingir, é fácil acreditar em coisas que nos colocam ainda no berço.
O difícil é enfrentar inimigos que vem e voltam, camuflados de carinho.

Sempre aocmpanhados e para sempre sozinhos.
Minha melhor companhia ainda é o meu travesseiro.


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