Plastic Blue Invitations

Havia dor. Muita dor.
Tomou os remédios, mais de nada funcionavam.
Só havia um remédio, uma saída.
Correu bem mais do que podia, as pernas bambearam e ele nem sabia mais aonde estava.
Carros, pessoas, e sangue; muito sangue. No meio da rua via corpos caídos, um exemplo de violência gratuita, rostos conhecidos; a professora do jardim de infância; os pais e até alguém que ele só conheceria dali á dois anos, quando fosse comprar um café expresso e a fila lhe levaria á uma cafeteria nova, alguém de um sorriso singelamente fantástico, alguém com quem iria ser feliz, mais agora não, agora era só sangue e dor.
Correu, correu de novo e gritava, gritava muito, entrou em uma porta e saiu em outro mundo.

Acordou, a cama estava molhada de suor, a mente abalado, no relógio de cabeceira eram 2 da manhã.

Sair, sem saber se irá voltar.

Entre cursos, concursos e prestações vencidas; entra ano e sai ano, sempre mudando os planos.

Hoje casamento, amanhã bodas de prata e quem sabe um divórcio para quebrar a rotina.

E envelhecer em cadeiras de balanço, colhendo amor, viver sozinho sem família, preso numa cela por um crime que não cometeu, e até morrer jovem em um acidente de trânsito.


Prazer vida.

Talvez você encontre um lugar aonde se sinta bem de verdade, aonde o canto dos pássaros ultrapasse as buzinas aceleradas do trânsito engarrafado. Onde o perfume das flores dê lugar a fumaça negra das chaminés industriais, um lugar aonde um colo não seja apenas um apoio; e sim um local para descansar seu amor.

Talvez canse de procurar até achar este lugar, talvez ele esteja bem debaixo do seu nariz , mais na verdade ele nunca está, está bem longe e é preciso alcançá-lo cada dia mais e mais.


Se sentir em casa, sem nela estar.