Plastic Blue Invitations

O relógio marcava 23:00, só mais 1 hora e tudo estaria terminado, sem dores, sem demônios.

Cruzou a ponte Ripley sentido as colinas, precisava respirar e o mais importante, precisava manter a calma esse era um dia difícil.

Seu telefone tocou, uma voz ao longe trazendo o desespero.

- Acorde Sr. Northman, você precisa acordar. Pelo amor de Deus o que vocês fizeram?

Foi assim que ele começou a correr, até que suas pernas começassem á travar, passou por pinheiros emaranhado, o sangue fluindo nas têmporas cortas, correu.

No ápice da colina duas sombras se emergiram, dois vultos negros, as mãos em carne viva se estendendo para agarrá-lo.

Então fugiu , até a beira da alto estrada, precipício á baixo a cidade dormia, a velha cidade se fora, agora só havia os monstros de concreto e os carros com suas luzes, como vaga-lumes gigantes.

As duas sombras se aproximavam, cada vez mais perto. Estava encurralá-do; era a morte ou a morte.

Se jogou.

Primeiro a Luz.

Depois as Trevas.

E Luz.

Em outro mundo numa cama suja de hospital, um velhote com o nariz sangrando abria os olhos.
Na sua frente dos homens de branco que não conhecia, e atrás um rosto conhecido, o velho enfermeiro Tom, vermelho de raiva, gesticulava com os jovens.

O que foi que fizeram com o velho Northman? Jovens e Medicina, aonde esse mundo vai parar!

Saiu batendo a porta.

Do vidro da janela se via um grande jardim, colorido de branco hospital, e velhos em suas bengalas e andadores.

Era só mais um dia comum no Asilo Municipal do Maine, um final de Agosto.

Experimentei a felicidade não esperada, sabe aquela de abrir um email antigo de tempos que já se foram? Ler palavras de pessoas especiais e ver nelas que talvez nada tenha mudado á não ser você mesmo? Esquecer de olhar para dentro de si mesmo, e buscar a perfeição alheia, palavras passadas são mágicas, nelas você vê o quanto as pessoas mudam , e o mais importante o quanto você mudou e as tornou assim ; talvez a roupa do varal do vizinho não esteja suja; e sim o vidro da minha janela.

Nos fones de ouvido Robert Smith canta sobre um oceano verde e uma garota que quer partir, meu coração partiu foi morar com uma garota longe daqui; meu corpo precisa dele de volta, precisa dela por inteiro, fecho os olhos e abro os braços, acordo no banco de um ônibus, indo de volta pra a casa, não aquela onde nasci, mais aquela aonde meu coração, minha mente habita. Na música Robert Smith diz estar longe de casa, eu pela primeira vez na vida me sinto mais perto da minha.

Que haja amor, no coração do filho que viu a mãe apanhar do pai alcoólatra.
Que haja amor, no filho que vive distante do pai.
Que o respeito não impeça você de ver que exemplos não são dados sempre como esperávamos.
Aprender a fazer a barba sozinho, aprender a lutar, cuidar de irmãos, ser filho e ser homem da casa.


Enquanto milhões de pais recebem felicidades nesse dia, eu desejo minha sincera felicidade, á todos os meninos, que aprenderam á serem pais, muito antes do que era preciso.

Não deveria se sentir assim, tinha muito o que desejar, mais também tinha muito em si mesmo; visto de olhos diferentes cada um poderia se dizer achar uma coisa, mais aos olhos em geral ele até tinha algo bom o suficiente para se sentir feliz.

Mais hoje não hoje estava apenas vazio, como um vaso depois que as flores murcham, um casulo depois que a borboleta se transforma, ou um corpo depois da morte.

Se levantou e foi viver.